06/08/2018

O Sujeito Eclesial Presupõe

LIBERDADE INTERIOR E AMOR A IGREJA - PARTE 2

Pe. Darley José Kummer
Vigário Episcopal do Vicariato de Canoas

Se aceitamos na fé a pessoa de Jesus Cristo como sentido ultimo de nossas vidas, se vivemos a aventura da vida guiados pelos valores evangélicos, se nos vemos rodeados de tanta gente boa que nos ajuda e estimula para o bem, tudo isto devemos à Igreja. Igreja não enquanto apenas hierarquia, mas enquanto comunidade dos fiéis à qual pertencemos. Nossos pais, nossas mães, nossos parentes, nossos catequistas e educadores, nossos amigos, colegas de trabalho, nossos párocos, enfim todos aqueles que deixaram marcas em nossa caminhada pela vida. É a Igreja que nos gera, educa, alimenta, corrige, anima e conduz para Deus e para os irmãos. Mas é importante que isto brote de nossa própria existência de Cristãos, não como afirmação alheia que repetimos, mas como vivencia pessoal que expressamos.
Como já dizia Santo Agostinho: “É na medida em que se ama a Igreja de Cristo, que se possui o Espírito Santo”. Este amor a Igreja concreta nos leva a uma atitude prévia de respeito, acatamento e estima, tanto diante dos pronunciamentos e decisões de hierarquia, como igualmente diante das expressões simples da religiosidade popular. Este mesmo amor nos faz vibrar com o heroísmo de alguns de seus filhos, bem como saber ter paciência e humildade com a mediocridade de outros. Nossa fé individual é sempre limitada, mas se expande e se completa na fé de toda a Igreja, da qual ela participa. Assim nossa sempre frágil adesão a Cristo e nosso inconsistente amor fraterno são sustentados pela caridade de todo o Povo de Deus.
Por outro lado, o amor à Igreja não nos obriga a renunciarmos ao uso da razão ou a cairmos numa obediência mecânica. A história da Igreja nos ensina que também os santos souberam criticar pronunciamentos e comportamentos de hierarquia quando se faz necessário. Eles testemunharam uma lucidez que provinha da própria experiencia pessoal de uma vida fiel a ação do Espírito Santo, que lhes possibilitava um discernimento concreto do que convinha ser dito (Filipenses 1,9s.). Portanto, esta crítica brotava do amor pela Igreja, não no amor próprio, da vaidade, da autossuficiência intelectual, do desejo de aparecer. Hoje, sobretudo, a critica à Igreja, quando levada a mídia, pode prejudica-la bastante, pela força persuasiva dos meios de comunicação social.
Promovamos este processo de transformação na Igreja. Pois todos somos Igreja, todos somos responsáveis, todos somos construtores de uma nova mentalidade e de uma nova configuração, todos somos sujeitos eclesial. As mudanças que desejamos dependem de todos nós.

Fonte: Coleção SAL E LUZ (Volume I) – Resenha: Pe. Darley Kummer.

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